terça-feira, 26 de maio de 2009

A GENTE SE ACOSTUMA, MAS NÃO DEVERIA

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não deveria ...

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem outra vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha pra fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o Jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz aceita ler todo dia, de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios, a ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar por ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável, à contaminação da água do mar, à lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galos na madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua o resto do corpo.. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto acostumar, se perde de si mesma

Marina Colasanti

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

AÇÃO DIRETA

Ação direta pode ser definida como qualquer ação que trata diretamente de uma questão, fazendo uma diferença física no mundo, no e do mundo, desconsiderando a percepção dos outros sobre isso. Seu efeito fundamental é causar uma mudança real no mundo físico - e isso pode ou não mudar o mundo mental dos outros. (Exemplo: Se você alimentar uma pessoa faminta, você estará diretamente, fisicamente causando uma mudança física no mundo - se dedicando a um interesse que você vê. Essa ação pode ou não acabar mudando a opinião de alguém sobre a questão - mas a questão foi tratada no mundo físico, mesmo que a mente das pessoas seja ou não mudada).

Lawrence Jarach propos uma explicação adicional útil em seu artigo "Instead of a Meeting":
"Esse termo (ação direta) se tornou distorcido e mal utilizado por vários ativistas políticos nos últimos 30 anos. Em seu significado anarquista original, o termo se refere a qualquer ação ocorrida sem permissão, e fora dos interesses de instituições governamentais. Significa se voluntariar ao Food Not Bombs, entrar em greve (principalmente sem a aprovação de um sindicato), expropriação, ou produzir uma estação de rádio livre. Não significa se engajar em desobediência civil com a cooperação da polícia; não significa romper com a lei ou quebrar uma vritrine se a intenção for meramente registrar uma desaprovação de alguma lei governamental. Destruir coisas podem ser exemplos de ações diretas - mas a intenção por detrás desses atos é o que é importante, e não os atos em si. A ação direta não tem nada a ver com pressionar qualquer parte de um governo para modificar uma lei; ela é, por definição, anti-estado. Tentar alterar uma diretriz governamental é chamado de lobbying; ele é direcionado aos representantes, e portanto, não pode ser chamado de ação direta. Apresentar uma lista de exigências ou protestar contra uma lei em particular, com a esperança de ser notado pelo estado (do qual os governantes de alguma forma irão mudar algo no modo que essa lei funciona), jamais é uma ação direta, mesmo se os meios utilizados para pressionar os governantes sejam ilegais. Ação direta é quando nós fazemos coisas para nós mesmos, sem pedir, perguntar ou exigir que alguma autoridade nos ajude."

Uma terceira e excelente descrição do significado da ação direta foi apresentada em um artigo chamado "(What could there possibly be) Beyond Democracy?" publicado na Harbinger #3, uma publicação lançada pela CrimethInc. Aqui está:

Autonomia significa ação direta, sem esperar por requerimentos para se passar pelos "canais estabelecidos" só para depois se atolar em papeladas burocráticas e negociações sem fim. Estabeleça seus próprios canais. Se você quer que pessoas famintas comam, não dê dinheiro para a caridade rica e burocrática; descubra aonde a comida está sendo desperdiçada, colete-a, e alimente essas pessoas. Se você quer uma casa própria acessível, não tente ir atrás da prefeitura da sua cidade para que seja feita uma lei - que demorará anos, enquanto pessoas dormem nas ruas todos as noites; ocupe prédios abandonados e divida-os, e organize grupos para defendê-los quando os capangas dos proprietários ausentes aparecerem. Se você quer que as corporações percam seu poder, não faça petições para que os políticos imponham limites em seus próprios mestres; descubra modos de trabalhar com outros para que simplesmente tome o poder deles: não compre seus produtos, não trabalhe para eles, sabote seus anúncios, propagandas e prédios; impeça que seus encontros aconteçam, e que seus produtos sejam produzidos ou entregue ao mercado. Eles usam táticas similares para exercerem poder sobre você; só parece válido porque eles compraram leis e hábitos sociais, também.

Não espere permissão ou organização de alguma autoridade de fora, não implore para um poder maior organizar sua vida para você. Aja.

http://ervadaninha.sarava.org/

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Os Quatro Compromissos do Guerreiro Espiritual

"Para ser mestre da própria vida, precisamos prestar atenção em como nos movemos neste mundo. Precisamos estabelecer um compromisso com a ética!

Ambição é tudo o que você pretende fazer na vida.

Ética, são os limites que você se impõe na busca da sua ambição.

Um forte exemplo de compromisso com a ética está no tratado:
'Os Quatro Compromissos do Guerreiro Espiritual' desenvolvidos pelo Xamã tolteca mexicano D. Miguel Ruiz.

São quatro simples e profundos compromissos:

1) Seja impecável com sua palavra! Fale com integridade!

Diga realmente o que você quer expressar. Evite usar a palavra para falar contra si mesmo ou fazer fofoca sobre os outros.

Use o poder de sua palavra na direção da verdade e do amor.

2) Não leve nada a nível pessoal. Nada do que os outros fazem é por sua causa! Nunca!

O que os outros falam e fazem é a projeção da realidade deles! Do sonho deles!!

Quando você é imune às opiniões e ações dos outros, você não será vítima de sofrimento desnecessário.

3) Não faça suposições. Encontre coragem de fazer perguntas e expresse o que você verdadeiramente quer.

Comunique-se com os outros o mais claramente possível para evitar mal entendido, tristeza, dramas. Seguindo a penas este compromisso, você pode mudar completamente a sua vida

4) Sempre faça o seu melhor.

Seu melhor vai mudar de momento a momento. Será diferente de quando você estiver saudável ou quando estiver doente. Em qualquer circunstância, simplesmente dê o seu melhor. Você evitará ficar se julgando, abusando de si mesmo, evitará remorsos.

Enfim, a ética é feita de novos valores e escolhas!

Ser impecável com nossos valores e escolhas, independente da pressão externa do mundo, é a chave de toda a ética.

Quais são os seus valores? Quais são as suas escolhas ?
Quem é você? Qual é a sua ética?"